A Associação de Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará,, acaba de assinar um novo contrato com a Secretaria Municipal de Educação como parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A Associação fornecerá, ao longo do ano, 19.475 kg de polpas de frutas para as escolas da cidade, e receberá cerca de R$ 350 mil.
O contrato é 44% maior em relação ao ano passado, quando previu a entrega de 13.461 kg, e a associação recebeu pouco mais de R$ 230 mil. “É um bom contrato. É um complemento muito bom. Na pandemia a gente chegou a perder produto. É uma ótima ajuda, é um complemento de renda”, afirma Maria Josefa Machado Neves, presidente da entidade.
São Félix do Xingu conta com 107 escolas, das quais 42 recebem produtos da agricultura familiar via PNAE, num total de 18 mil alunos que têm acesso a produtos como abóbora, mandioca, milho verde, cheiro verde, mamão, laranja, polpas de frutas, ovos, pimenta de cheiro, banana, melancia e queijo. O foco da AMPPF são as polpas de frutas, como de acerola, goiaba, cajá, caju, abacaxi, mas a Associação tem planos de diversificação, para fornecer produtos como geleia, frutas e legumes in natura e bolos, por exemplo.
Além de garantir uma renda para as 55 associadas e suas famílias, o programa contribui para o fortalecimento de diversos aspectos sociais e ambientais. “No caso das mulheres, primeiro você está fortalecendo uma cadeia produtiva. Porque se a prefeitura não comprasse a polpa de fruta, elas não iriam produzir muito, ou então se fossem produzir muito, iriam perder. E essa cadeia produtiva da polpa de fruta tem como objetivo não só gerar renda, melhorar a qualidade de vida, mas também incluir mulheres”, afirma Celma de Oliveira, Coordenadora de Projetos do Imaflora, que atua no programa Florestas de Valor em São Félix do Xingu.
O Florestas de Valor, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, promove a estruturação de cadeias produtivas da sociobiodiversidade, de forma a gerar renda para as comunidades a partir de atividades que contribuam com a conservação ambiental. “Tem outras cadeias produtivas no município, mas o trabalho das mulheres muitas vezes é invisibilizado porque elas não fazem a gestão do recurso. Elas trabalham no cacau, na pecuária, mas o dinheiro vai para onde? Para a conta dos maridos. Eles fazem a gestão. Então as mulheres tem que ficar pedindo as coisas. Na polpa de fruta, elas fazem a gestão da produção e do recurso”, ressalta Celma.
“Quando a Associação recebe da prefeitura, cai na conta delas. E uma das exigências da AMPPF é que cada pessoa que entrega, tem que ter uma conta no seu próprio nome. Isso tudo é uma forma de fortalecer a questão da equidade de gênero, empoderamento, autonomia econômica. Sem falar na questão da autoestima, melhoria da qualidade de vida… Hoje a dona Josefa, por exemplo, paga a parcela da moto dela, antes lavava roupa na mão, hoje tem um tanquinho, é o comércio girando, é a renda girando ali e melhorando”, comenta Celma. A presidente da AMPPF reforça essa visão. “É um trabalho nosso, feito por nossas mãos, nós fazemos as entregas, o dinheiro cai na nossa conta. A associação das mulheres veio dar a independência para mulheres que não tinham”, afirma Josefa.
sem autor: Associação de mulheres agricultoras do Pará firma contrato de R$ 350 mil com programa de alimentação escolar. G1, 2023. Disponível em: <https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2023/04/13/associacao-de-mulheres-agricultoras-do-para-firma-contrato-de-r-350-mil-com-programa-de-alimentacao-escolar.ghtml>. Acessado em 18 de Abril de 2023.
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