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Foto do escritorObservatorio Regional

Nota de professora da UFPI sobre o caso de Janaína Bezerra



"Era um crime anunciado", diz professora da UFPI após estupro e assassinato de estudante dentro do campus

Maria do Socorro Pereira da Silva, professora e doutora em educação da UFPI, emitiu uma nota neste segunda-feira (30) a respeito do estupro e assassinado da jovem estudante de jornalismo Janaína Bezerra, que foi brutalmente estuprada e assassinada pelo também estudante Thiago Mayson Barbosa.

Maria defende uma política de segurança no campus e ressalta que o brutal assassinato era "era um crime anunciado".

Veja a íntegra da nota:


SIM, JANAÍINA FOI ESTUPRADA E ASSASSINADA DENTRO DA UFPI!


1. O estupro seguido de assassinato era um crime anunciado! Porque viraram rotina os assaltos e o assédio às mulheres estudantes, que são as maiores vítimas da insegurança na UFPI, discursos de “não autorização” não anula a responsabilidade da universidade em garantir segurança em suas dependências; aliada a isso, a cultura do machismo ganhou força, nos últimos anos, por uma mentira reiterada vezes repetida de “ideologia de gênero”. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


2. As calouradas são rotinas dos estudantes em todas as universidades, faz parte da vida acadêmica. Ocorre que a estudante não foi estuprada e assassinada em atividades que fazem parte da cultura das calouradas promovidas pelo DCE, isso porque, não existem atividades de estupro e assassinato em calouradas! Os estudantes não são responsáveis pela segurança da UFPI, é atribuição da prefeitura do CAMPUS! Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


3. Sobram narrativas de que a MULHER É A CULPADA! A velha retórica que tenta CRIMINALIZAR AS MULHERES com chavões como “estava bêbada!”... Quantos HOMENS são estuprados e assassinados porque estão BÊBADOS? Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


4. Foram publicadas notas intituladas em várias instituições e mesmo em organizações da sociedade civil: “NOTA DE FALECIMENTO”, “NOTA DE PESAR”, supernecessárias quando as razões das mortes são de causas naturais ou de doenças terminais. Esses tipos de notas naturalizam o estupro e assassinato da estudante e ocultam os crimes de feminicídio. É preciso emitir “NOTAS DE JUSTIÇA”. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


5. É urgente a organização de uma força-tarefa, pela UFPI, para implantação imediata de um PLANO EMERGENCIAL DE SEGURANÇA NO CAMPUS. Existem várias experiências no Brasil que podem servir de referência. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


6. Nós, mulheres, não estamos seguras em lugar nenhum! Apesar disso, a universidade é nosso lugar de trabalho, investigação, produção e execução de projetos inovadores no ensino, pesquisa e na extensão. Por isso, é fundamental manter a memória de JANAÍNA VIVA na ciência. Desse modo, propomos que a Universidade abra editais específicos de projetos de pesquisa e extensão – JANAÍNA VIVE – com recursos próprios, que promovam discussões de relações de gênero, direitos das mulheres, leis que tipificam os crimes de feminicídio, formas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


7. Por fim, e não menos importante, é fundamental que a administração superior crie um memorial JANAÍNA VIVE, para que a comunidade acadêmica nunca se esqueça do crime cometido dentro da UFPI, pois apenas decretar LUTO não é suficiente! Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!


Maria do Socorro Pereira da Silva - Prof.ª Dr.ª em Educação (UFPI)

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